De todos estes anos que antecedem os “Festa Ibérica”, o último que passou foi especialmente rico em factos caricaturáveis, pelo que já se esperava não estar ninguém a salvo das mais que certeiras e delicadas bombas do G.A.I.J.U.S., desde as mais respeitáveis instituições (como a UTAD) às mais que duvidosas (como o Governo).
E assim foi. Não desiludimos ninguém na nossa missão de não deixar absolutamente ninguém a salvo do nosso humor (relativo), acutilância (questionável) ou inata capacidade para meter nojo (mais que consensual). Até porque, com excepção das tunas, das meninas jeitosas que trabalham no teatro, dos bilhetes baratos e da falta de novelas de jeito, são os G.A.I.J.U.S. a principal razão pela qual se enche todos os anos por esta altura o Teatro de Vila Real.
Surgiu então, durante o festival, e na voz de uma simpática senhora, um questão mais que pertinente (até porque neste caso calhava de eu saber a resposta): "Mas afinal o que significam aqueles dizeres no vosso emblema?"
As opções de resposta eram as seguintes:
opção a) "Não sei, mas é o que está escrito no fundo das garrafas de Super Bock"
opção b) "Se lhe dissesse, teria que a matar a seguir" (mas acho que ela não ia perceber a piada)
opção c) "Quer dizer: Quem conseguir ler isto é totó"
opção d) "De cariz marcadamente académico e cultural, os GAIJUS adoptaram o lema “Gaudeamus igitur iuvenes dum sumus”, que significa qualquer coisa como "Alegremo-nos, então, enquanto somos jovens", e que nada mais é do que os dois primeiros versos do mais antigo hino estudantil conhecido – “De brevitate vitae”, popularmente conhecido como “Gaudeamus Igitur”, ou simplesmente “Gaudeamus” - e cujas origens poderão remontar até ao séc XIII (ainda o Santo não tinha acabado o curso). Muita da fama deste hino deve-se ao facto de ter sido introduzida por Brahms no final triunfante da sua magistral Akademische Festouvertüre – ou “Abertura Festival Académico” (mais apropriado impossível) – composta em agradecimento pelo doutoramento honoris causa que lhe foi concedido pela Universidade de Breslau (quando a UTAD nos conceder os nossos, lá estaremos para compor uma ode à inconsciência de semelhante acto).
Este famoso hino estudantil foi escolhido como referência por reunir várias características em comum com os GAIJUS, como o facto de ser alegre, despretensioso, irónico, descarado, desbragado mas, e apesar de tudo, épico. Apesar das várias tentativas de supressão ou alteração da letra, para que pudesse ser entoado em cerimónias oficiais e litúrgicas, o hino original dá vivas pelas “jovens virgens, belas e fáceis”, mas também reconhece a importância das “mulheres maduras ternas, amáveis e laboriosas”.
Em abono da verdade, e porque estava cheio de pressa para ir apresentar a tuna seguinte, acabei por despachar a pobre senhora com um "Foi só para mostrar que aprendemos a falar latim no seminário". Se a senhora for frequentadora deste blog, deve estar neste momento a rogar-me pragas. A opção certa seria, sem dúvida, a d), mas não tinha tempo nem ciência para tanto, na altura.
Como compensação, cá fica um excerto da letra original deste hino, com uma tradução mais ou menos livre:
Gaudeamus igitur
iuvenes dum sumus
Post iucundam iuventutem
post molestam senectutem
nos habebit humus
Alegremo-nos, então
enquanto somos jovens
após a alegre juventude
Após a atribulada velhice
ter-nos-á a terra
<...>
Vivant omnes virgines
Faciles, formosae.
Vivant et mulieres
Tenerae amabiles
Bonae laboriosae.
Vivam todas as jovens virgens
fáceis e formosas
Vivam também as mulheres maduras
ternas e amáveis
bondosas e laboriosas
<...>
Subscrevemos por inteiro, claro está, principalmente a parte das “laboriosas”, pois a nossa idade já impõe algumas restrições no exercício físico.
3 comentários:
As coisas que este GAIJU sabe...
E não há uma musiquita para isto? Era bonito...
Há...isto é cantado por tudo quanto é coro. Nós próprios somos um bocado coristas...
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